PIB da Construção Civil registrou, em 2015, a maior queda dos últimos 12 anos.
Diante de um cenário marcado por deterioração fiscal, incertezas políticas, baixo patamar de confiança, queda na produção, recessão econômica, desemprego elevado e crescente e inflação superior ao teto da meta (estagflação), a Construção Civil, de acordo com os dados divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou queda de 7,6% em seu Produto Interno Bruto (PIB). É a segunda queda consecutiva na produção da Construção Civil no Brasil e mais expressiva desde 2003 (-8,9%). Em 2014 o setor já havia registrado redução de 0,9% em suas atividades. Assim, no biênio 2014-2015 o segmento, essencial para o desenvolvimento do País, registrou queda de inacreditáveis 8,43%.
Em 2015 a economia brasileira, de acordo com o IBGE, apresentou redução de 3,8% em seu PIB, a maior registrada na nova série histórica do indicador, iniciada em 1996. Considerando a série anterior o resultado do ano passado foi o pior dos últimos 25 anos. Somente em 1990 observou-se queda mais acentuada: -4,3%. Deve-se lembrar de que naquele ano o País passou por um grande confisco do Governo Collor, com a justificativa de enfrentar uma inflação superior a 1.600% ao ano.
Os indicadores nacionais em 2015 são assustadores. O País perdeu mais de 1,5 milhão de vagas com carteira assinada, a inflação, que encerrou o ano em 10,67% foi a maior desde 2002 (12,53%) e os juros (14,25% ao ano) atingiram o maior patamar de quase 10 anos. Isso sem falar na deterioração das contas públicas.
Os investimentos, essenciais ao desenvolvimento de qualquer economia, especialmente as emergentes, caíram 14,1% em 2015, demonstrando a fragilidade do País e a sua séria crise econômica. Com esse resultado a taxa de investimento encerrou o ano passado em 18,2%, abaixo do ano 2014, que foi 20,2%. Alguns estudos indicam que para o Brasil crescer de forma sustentada seria necessário uma taxa de investimentos de cerca de 25% do PIB.
A recessão deve continuar. A pesquisa Focus, realizada pelo Banco Central, estima queda de 3,45% do PIB em 2016 e a inflação ainda superior ao teto da meta (7,57%). Assim, ainda não se vislumbra no curto prazo reversão do cenário desalentador que tomou conta do País.
Deve-se destacar que a retomada da economia precisa contar com o retorno da confiança dos empresários e de consumidores. Somente dessa forma será possível uma retomada dos investimentos. Entretanto, para que isso aconteça é preciso de estabilidade macroeconômica. É preciso uma sinalização efetiva de que a economia voltará ao seu rumo com inflação controlada e contas públicas equilibradas. Sem o retorno da confiança, o País não assistirá o seu desenvolvimento.